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Carta ao leitor

Foto do escritor: Revista PalácioRevista Palácio
Equipe da Revista Palácio
Equipe da Revista Palácio

Esta não é uma revista acadêmica. É, como as outras, uma revista. A Palácio nasce de um sonho: construir novos modelos e perspectivas para uma atividade que parece perder sentido num futuro nem tão distante. Nós, porém, continuamos fiéis ao que é uma brecha possível para as variadas crises já dadas e para as que virão. Fato é que já derrubamos presidentes, descredibilizamos juízes e nos tornamos, em certa época, um lugar de memória. Em algum momento, jornalistas eram heróis. A internet e as políticas temporais inauguradas por ela, porém, debilitam, em grande medida, a forma em que operam as redações. O bom jornalismo foi, como é visível, sucateado por lógicas certamente antipáticas aos modelos de negócio inaugurados ainda nos anos 50. Os manuais já não dão conta de anseios selvagens por informação, mesmo que as verdadeiras e mentirosas se nivelem. Continuamos, porém crentes dos jornais porque sabemos bem que o futuro não está dado. Porque, se são os campos conflituosos, então, acreditamos na pauta como pólvora. 

Preferimos, por isso, persistir na fé que nós próprios desenvolvemos, na tentativa inerente ao exercício dos jornais: criar retratos do futuro em páginas presentes. Crônicas para o por-vir.  Acreditamos que a brecha para o horizonte despedaçado que se aproxima é tornar, de novo, o jornalismo capaz do mundo. Fazer do texto um retrato fiel das ruas: o falatório, a febre e a injusta distribuição. Queremos que as páginas velem os mitos e apontem para um jornalismo que não tente traduzir violência a puro simbolismo. No fim das contas, é necessário devolver às redações seu documento de identidade: a literatura, a pressa e um mundo que possa falar dele próprio. Nosso principal valor é, portanto, a imaginação.


A Revista não está a serviço de governos, de partidos políticos ou de modelos do jornalismo profissional. Ao contrário disso, a Palácio endossa a constituição de espaços de discussão, o estabelecimento de perspectivas para um jornalismo feito de vozes destoantes e o fortalecimento da democracia. A Revista, porém, não acredita em ideais de impessoalidade ou de neutralidade porque o apoio às minorias de classe, de raça e de gênero são inegociáveis – bem como condena claramente qualquer tipo de intolerância, violência e abuso. 

Por entender que as possibilidades de futuro que temos não estão encerradas. Por acreditar que o jornalismo é um exercício necessário para a construção de pontos de vista críticos e o fomento à cultura popular. Por saber que a memória social é o patrimônio mais precioso para a produção comunicacional de todos os tempos, cria-se um laboratório de práticas jornalísticas que tem finalidade em si. Não há outros motivos que não esses. Seus editores e repórteres acreditam nas redações como brechas para um mundo de catástrofes em todos os níveis. Acreditam, por fim, que jornalistas não estão condenados à extinção. 


Estamos falando de um jornalismo com identidade e com memória, que se lembra do passado e do futuro. 


O Conselho Editorial

22.11.24


 
 
 

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